A esquerda lulista (restou alguma outra no Brasil?) festejou na segunda-feira, 22, a notícia da delação premiada de Ronnie Lessa, soltando indiretas contra Jair Bolsonaro, como mostrou, de pronto, o Papo Antagonista.
André Janones, por exemplo, atribuiu “medo” a “uma certa ‘familícia’”. Jandira Feghali questionou “quem tem medo da delação?” e defendeu “que os mandantes sejam revelados”. Guilherme Boulos considerou o acordo uma “vitória importante”. Zeca Dirceu chamou de “passo importantíssimo para que se descubra quem mandou matar Marielle”.
Até que, na terça-feira, 23, blogs petistas afirmaram que Lessa apontou, como mandante do crime, Domingos Brazão, um antigo cabo eleitoral de Dilma Rousseff que não só teve mandato de deputado estadual devolvido por Ricardo Lewandowski no TSE após cassação no TRE-RJ por compra de votos, como também foi preso na Lava Jato sob acusação de vender sentenças como conselheiro do TCE-RJ.
Veja bem
Agora, só dá veja bem na esquerdosfera.
Diante das várias imagens da campanha de 2010 em que o suposto mandante aparece com adesivo de Dilma na camisa e panfletos da petista na mão, Janones entrou em bate boca com o deputado federal bolsonarista Nikolas Ferreira, publicando o vídeo do irmão de Domingos, o deputado federal Chiquinho Brazão, em campanha para Bolsonaro em 2022:
“Desmentindo o deputado chupeta e a extrema direita. A família Brazão votou Bolsonaro, assim como o Bolsonaro já declarou voto no Lula. O Nikolas mente por uma única razão, ele é o diabo em pessoa”, disparou.
Confrontado com as fotos de Domingos, uma delas cortada da imagem original em que aparece com Eduardo Cunha, Janones retrucou:
“Da mesma foto que vocês cortaram sim, fazendo campanha pra chapa do [Michel] Temer, que era do mesmo partido dele [MDB] e veio a dar o golpe depois” — referência petista ao processo de impeachment de Dilma, conduzido no Senado pelo próprio Lewandowski, então presidente do STF.
Em seguida, o garoto-propaganda de Lula nas redes sociais mudou de tom:
“E que fique claro, não interessa em quem votou. Cometeu um crime horroroso e tem que pagar por ele.”
“Informações concretas”
Jandira Feghali escolheu outro caminho: o de ignorar os vazamentos aos blogueiros camaradas e aguardar “informações concretas”.
“Confiamos na seriedade do trabalho que a Polícia Federal vem conduzindo frente as [sic] investigações, avançando com fatos contundentes e provas na resolução desse brutal crime político que chocou o Brasil e o mundo, um ataque à democracia brasileira e uma violência a uma mulher negra eleita que sempre lutou na defesa dos direitos humanos.
Aguardamos o avanço das investigações e informações concretas no prazo de março de 2024, que o Ministro da Justiça Flávio Dino apontou para desvendar por que e quem mandou matar Marielle, para que enfim possamos estabelecer a justiça e a verdade.”
“Família Brazão”
Boulos, como Jandira, também omitiu a relação direta de Domingos com a campanha de Dilma e, como Janones, associou Bolsonaro à “família Brazão”.
“O nome de Brazão já havia aparecido outras vezes nas investigações e levantou mais suspeitas quando, em 2019, Bolsonaro concedeu passaporte diplomático a familiares do acusado.
Depois de 5 anos e 10 meses sem nenhuma resposta, começamos a caminhar em direção à justiça. As investigações continuam, e nós seguimos acompanhando até saber com certeza quem mandou matar Marielle.”
Na verdade, o Itamaraty, ao incluir cônjuges e dependentes de parlamentares na lista de beneficiários do passaporte diplomático, concedeu a facilidade a João Vitor Moraes Brazão e Dalila Maria de Moraes Brazão, filho e esposa do irmão de Domingos, o deputado federal Chiquinho Brazão. Essa concessão específica foi destacada em 2019 por blogs petistas, em busca da mesma associação a Bolsonaro.
Já Zeca Dirceu ignorou a novidade sobre a delação de Lessa. Ele preferiu exaltar “a sabedoria e a postura firme” de seu pai, José Dirceu, condenado pelo mensalão e pelo petrolão.
Durou só um dia aquela alegria toda?
Com informações do O Antagonista
Fonte: Portal Grande Ponto