Em meio à rebelião no União Brasil, a ministra do Turismo, Daniela Carneiro, e outros cinco parlamentares da bancada do Rio na Câmara pediram o aval da Justiça Eleitoral para sair da sigla. Os deputados querem “justa causa” para a desfiliação, sob o argumento de “assédio” por parte da direção nacional.
Como informou O GLOBO nesta segunda-feira, o partido passa por um disputa política interna em vários estados, com corte de senha e acusações de fraude.
O movimento dos parlamentares do Rio, com apresentação da ação na última quinta-feira, pode ter impacto na formação do ministério de Luiz Inácio Lula da Silva, já que Daniela ocupa uma das três vagas reservadas ao União Brasil no primeiro escalão.
Nesta segunda-feira, o marido de Daniela Carneiro e presidente do diretório fluminense, Waguinho, pediu a desfiliação da legenda.
Ele está em Brasília, onde negocia um desfecho sobre o seu futuro. Diferentemente dos parlamentares, ele pode se desfiliar da sigla sem risco de punição. Os deputados, se assim procederem, podem ser perder o mandato por infidelidade partidária.
Segundo um aliado do prefeito, Waguinho pode se filiar ainda nesta terça-feira ao Republicanos, partido cortejado pelo governo, mas que ainda não faz parte da base de Lula.
Além de Daniela Carneiro, pediram na última quinta-feira a desfiliação da legenda os deputados Chiquinho Brazão, Juninho do Pneu, Marcos Soares, Ricardo Abrão e Dani Cunha. Do Rio, o único fora da lista é Murillo Gouvea.
Para justificar o pedido, os deputados citam o corte de senha do diretório estadual, que permitia a destinação de recursos do fundo partidário e nomeação de comissões municipais provisórias. Sem isso, não há como realizar uma convenção estadual.
“A medida (de cassar a senha) imposta pelo Presidente Luciano Bivar e seu Vice, Antônio Rueda, não passou por consulta à direção nacional, da qual também faz parte o secretário-geral (…) Cumpre repisar que o arbitrário ato impede a formação e consolidação das bases do Partido no estado, bem como qualquer iniciativa dirigida à preparação para as eleições municipais (2024) e geral (2026)”, argumentam os advogados dos parlamentares.
No TSE, o processo foi remetido ao gabinete do ministro Ricardo Lewandowski, que se aposenta oficialmente a partir de amanhã.
Segundo integrantes da sigla ouvidos pelo GLOBO, o desentendimento atual da bancada do Rio começou com a movimentação de Rueda para retirar o prefeito de Belford Roxo da direção estadual do União.
Parlamentares afirmam que Rueda trabalha para filiar o deputado estadual Rodrigo Bacellar (PL), presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), para assumir o partido no estado. Além disso, os deputados da legenda veem tentativa do vice de emplacar o deputado estadual Márcio Canella (União), adversário político de Waguinho, como candidato do partido a prefeito de Belford Roxo.
A gota d’água da briga, porém, foi a negociação de Bivar e Rueda com o governador do Rio para preencher cargos no Rioprevidência e no Detran. Os parlamentares reclamam que nem sequer foram consultados sobre as indicações.
Waguinho chegou a levar as reclamações a Bivar, que reagiu cortando o acesso do presidente estadual da legenda ao sistema que permite movimentar o fundo partidário.
O Globo
Fonte: Blog do Gustavo Negreiros