A despeito da crise orçamentária que se abateu sobre todas as instâncias de governo, as despesas com servidores públicos permaneceram em alta nos últimos anos de recessão aguda seguida de semiestagnação da economia.
De acordo com dados apurados pelo Tesouro Nacional, os gastos com os funcionários ativos de União, estados e municípios aumentaram do equivalente a 12,3% do PIB (Produto Interno Bruto), em 2014, para 13,6%, ou R$ 927,8 bilhões, no ano passado.
O patamar é o maior já medido pelas estatísticas disponíveis —e é semelhante ao dos desembolsos nacionais com a Previdência, que incluem aposentadorias dos servidores.
Os números estão sujeitos a alguma imprecisão, principalmente devido à dificuldade de coletar informações completas e padronizadas dos 5.570 municípios do país.
Além disso, parte da expansão dos percentuais está associada à queda do PIB em 2015 e 2016. Mas a tendência de alta persistiu nos anos seguintes.
As estimativas mais recentes, do primeiro trimestre deste ano, também indicam elevação em taxa superior à do PIB.
Isso significa, na prática, que o funcionalismo, graças a suas garantias de estabilidade no emprego e ao poder político de obter reajustes salariais, conseguiu elevar sua participação na renda nacional.
Embora o ritmo desse crescimento não seja tão acelerado quanto o dos encargos previdenciários, o montante da despesa com salários e outros benefícios do setor público brasileiro já se mostra uma anomalia em termos internacionais.
Folhapress