Foto: Ronald PEÑA / AFP
Nas últimas horas para o fim do prazo das inscrições dos candidatos que disputarão as eleições presidenciais na Venezuela, que se encerra às 23h59 desta segunda-feira, a oposição venezuelana afirma que ainda não conseguiu registrar nenhum nome para o pleito. O registro deveria ser feito em um site disponibilizado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), mas os partidos alegam estar sem acesso.
— Fizemos todas as tentativas para inserir os dados e o sistema está totalmente fechado — denunciou Corina Yoris, substituta do principal nome da oposição, María Corina Machado, inabilitada pelo chavismo, em uma coletiva de imprensa na manhã de segunda-feira. — Tentamos ir pessoalmente ao CNE para entregar a carta solicitando a prorrogação [por mais três dias], mas não conseguimos nem mesmo fisicamente.
Além da Plataforma Unitária, por onde concorre Yoris, o representante da esquerda venezuelana, o jornalista Manuel Isidro Molina, do Partido Comunista da Venezuela (PCV), também afirmou não ter conseguido inscrever seu nome para disputar as eleições.
O presidente do país, Nicolás Maduro, que tenta um terceiro mandato de seis anos consecutivo nas eleições de 28 de julho, registrou sua candidatura sem dificuldades nesta segunda.
— Fiquei comovido com tanta generosidade e reconhecimento do povo a este homem humilde dos bairros de Caracas, este humilde trabalhador — declarou Maduro durante o registro, carregado uma imagem com ilustrações de Simón Bolívar e de seu antecessor, Hugo Chávez. — Hoje eu vim não apenas para inscrever meu nome, mas para escrever o sonho de uma pátria. Vim convidá-los a continuar sonhando e a continuar transformando nossa realidade em direção ao futuro.
As complicações na reta final dos registros de candidatos acontecem após uma semana de tensão, na qual o núcleo duro da campanha da María Corina ou foi preso ou alvo de mandado de prisão pelo Ministério Público venezuelano na véspera do início das inscrições, sob acusação de planejar um motim para garantir a sua participação no pleito. María Corina foi inabilitada de ocupar cargos públicos por 15 anos pelo Tribunal Supremo de Justiça (equivale ao STF do país), em junho do ano passado. Mesmo impedida, em outubro ela venceu as primárias da oposição com mais de 90% dos votos.
O cerco ao entorno do principal nome contra Maduro obrigou a oposição a mudar de rota e, na sexta-feira, María Corina anunciou a filósofa e professora universitária Corina Yoris como sua substituta. Na ocasião, ela afirmou que o governo não poderia armar nenhuma “armadilha”, uma vez que Yoris nunca ocupou um cargo público e, portanto, não poderia ser inabilitada. Mas a oposição não contava com os empecilhos desta segunda.
O Globo